quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Flor d’pele




Ouvir àquela música,
Cantar ao péd’ouvido...
Andar ladoalado,
Sorrir daquele jeito,
Apertar àquela mão, e,
Esquecer disso tudo.

Franci-Meire, 2012

(In)conscientemente



Falando comigo mesma
Reivindiquei-nos,
Inconscientemente,
Com àquelas esperanças
tolas, desconexas,
afirmei em alto bom som:
nosso tempo acabou...


Franci-Meire, 2012

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Saudade

Daqueles encantos,
Daqueles amigos,
Daquela família,
Daqueles amores,
Daquela rua,
Daquela rotina...
Daquele tudo.

Franci-Meire, 2012 (das lembranças).

À primeira vista

Uma voz de justiça ecoa
as vidraças divinas vibram
cansada levanto
aproximo-me...
Reconheço...
É a voz do amor.

Franci-Meire, 2012 (das lembranças).

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

'Mundo do Ser'

Então; o mundo eclodiu.
O dia não deixou de ser.
Nem a noite negou o luar...
Apenas ar ficou pesado;
Gélido e indiferente.
Respirar era muito.
Tanto quanto o Olhar.
Erupções de lembranças;
Surtos de palavras,
presas no beijo...
'Não queria ser muito,
mas foi tudo...'; frase-adita.
Esperança-larval surgiu...
Silêncio.


Franci-Meire, 2009.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

ENTRE LINHAS

Traduza-me
Sinta as letras na minha pele
Perceba nas entrelinhas...
O meu alfabeto
Toca-me
Leia-me
Em braile
Releia...
Em todos os idiomas
Dialetos
Prove meus versos
Meus verbos
O gosto da poesia
Destaque uma frase
Um termo
Rabisque
Rasure
Refaça
Pegue na minha mão
E feche o livro.

Franci-Meire, 2009.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Aquele Amor...



Era de manhã, seus joelhos doíam - a dor da despedida -, aos poucos se levantou da cama e ficou imóvel, sentada. Uma lágrima, teimosa, deslizou de sua face áspera, rugas do tempo. A gota d'água era tão farta que ao afundar nos seus finos lábios pode umidecer sua boca toda! Que dor sentia! Seus pensamentos a deixavam zonza de cansaço; a partida sempre é difícil, julgava. Abrir mão do conforto da família,do aconchego dos netos/bisnetos, e carinho dos filhos, era difícil, É Díficil! Mas a decisão já foi tomada a muito tempo, muito antes deles existirem, da família se formar... - Amor antigo. Tal amor que arrebatou o jovem coração da senhora de 85 anos de idade. Todos eram contra. Foram contra desde o início; 60 anos atrás. Do contra a família se formou; nasceram filhos, netos, bisnetos... e o Amor? Se perdeu com o tempo... um redemoinho de pré-conceitos dilacerou tal união; somente agora, aos 85 anos de idade, viúva a mais de 15 anos ela reencontrava, na fila do mercadinho da esquina, com o sorriso do Amor. Um sorriso tão branco quanto a vontade de o sê-lo! E a vontade do destino os abraçou, num abraço tão especial que palavras não bastariam descrever, e se quer serem pronunciadas, a presença, sim, a presença daquele Olhar, dos olhares-castanhos, significavam tanto que brindou o silêncio. E naquele momento decidiram ser felizes, enfim! Apesar de tudo e de todos!
Ela enxugou o caminho das lágrimas in-face com as mãos envelhecidas e se levantou, e por mais que aquele instante tivesse um quê de tristeza, de 'fuga', ela sentia uma enorme felicidade sendo a cada segundo libertada. E era uma felicidade escondida e reprimida num porão dentro de seu coração; a poeira esvaía-se quando ela andava de encontro a porta, deixando uma cartinha sobre o bordado do lençol da cama - bordado de um pássaro com as asas estendidas. Encostou o portão da frente devagarinho, e alguém por trás apertou sua mão.Não a direita que estava no trinco do portão, mas a esquerda que ainda se via uma aliança de casamento.
O calor das mãos foi tão intenso que ela se assustou. Sim, se assustou com o próprio sentimento! Eles se abraçaram, ela chorou, ele acariciou os cabelos grisalhos dela, ela chorou baixinho.
E segurando a mala listrada dela com a mão direita, a esquerda se apoiava na bengala. Ela segurava o braço dele. Assim, saíram os dois por um caminho, buscando um caminho, onde idade, raça, ou situação não existam... onde eles possam andar de mãos dadas...

(Fran)cimeire Leme Coelho